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Written By Ana Raquel on sexta-feira, janeiro 13, 2012 | sexta-feira, janeiro 13, 2012


Um lugar onde é possível cometer pecados sem o receio de penitência imediata. Assim é Las Vegas. Depois de uma ótima primeira experiência, valeria a pena voltar para repetir alguns dos sete pecados capitais?

Sim. E por que não todos?

A primeira vez em uma cidade planejada para adultos é parecida à de uma criança que vai a primeira vez à Disney. Como dizem os americanos, você fica "in awe", pasmo, com os olhos vidrados e atentos a tudo. E a todos.

Las Vegas aguça os sentidos e movimenta sua adrenalina. Arrisco dizer que provoca uma sensação estranha de poder. Poder sobre você, sobre suas escolhas. A soberba, aquela quase-arrogância de quem está no controle, essa sim bate de frente. Ir desarmado a Las Vegas, esse é o conselho. Você poderá morder a língua (não necessariamente a sua) sobre muita promessa feita sem conhecimento de causa.

Tanta excitação, no entanto, pode te deixar vulnerável. Uma lição aprendemos: risadas exageradas em sua língua nativa causa inveja. Acho que alegria demais faz isso, não? E a inveja etílica é a pior. Como uma reação química, seu raciocínio se transforma, não é mais comedido e controlado.

Se torna ira, bem daquela que vai te custar uma catfight no meio de um cassino. Cinco contra duas. Só que aprendam a matemática: a água na nossa cara equivale a um murro bem dado na sua. Equação simples, vale a pena anotar.

Depois de dias intensos, uma pausa. Outras paisagens, outros olhares e a decisão de voltar.

Parece que o retorno para qualquer lugar é sempre mais longo, principalmente à noite. Depois de uma travessia pelo deserto escuro, as luzes da Strip iluminam um céu sem estrelas. Ao longe, refletida em montanhas de pedra, a neblina luminosa avisa: está próximo. Acelerar é natural, afinal, a sin city não dorme e você tem a ilusão de que não pode perder tempo.

"Não vamos dormir!", juramos. Ledo engano. Uma preguiça sem fim dominou duas cabecinhas inquietas e instalou uma vibe arrastada logo na primeira noite. Sem festa, sem bebida, sem flerte. Porém, não se enganem, tratava-se apenas de um adiamento. Os próximos dias seriam em slow motion, com um apreço lento, como o de quem guarda a melhor garfada do prato para o final.

Por falar em prato, entre os exageros, você não passará ileso pela gula. No entanto, eles são perdoáveis na cidade com alguns dos melhores restaurantes do mundo. Uma excelente refeição suaviza o peso de uma punição. Não seja mesquinho, seu paladar agradecerá.

Para as mulheres, o terror da avareza se estente por toda Las Vegas Boulevard. Interessante é experimentar percorrer os tortuosos corredores do Miracle Mile ou do Via Bellagio ilesas. A ironia está em transitar por estes "caminhos", como seus próprios nomes já dizem, e terminar no The Forum Shops. Alguém vai julgar? Provavelmente não. Todos ali sofrem do prazer carregado de culpa, que é comprar.

E a luxúria? Entre memórias de brincos quebrados, dança de corpo colado, visitas noturnas e a fascinação por estranhos, só me resta respeitar uma única regra quando volto para casa: what happens in Vegas, stays in Vegas.


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Sobre Ana Raquel

Jornalista, 36 anos, canceriana, chorona. Se emociona com tudo. Vive sem muito planejamento, mas com muitos planos.

2 comentários :

  1. ~~visitas noturnas~~
    Hahahahahahahahahah <3
    Aff, que saudade.

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  2. Acho que devíamos detalhar essa catfight que rolou no cassino em um post, hein? Hahahahahaha

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