Home » , » Dia 3: Abu Dhabi (EAU) - O city tour do terror (parte 1)

Dia 3: Abu Dhabi (EAU) - O city tour do terror (parte 1)

Written By Ana Raquel on quarta-feira, março 14, 2012 | quarta-feira, março 14, 2012

Como contei no post anterior, reservamos, ainda no Brasil, um pacote de passeios por Dubai, uma vez que não teríamos muito tempo livre para decidir o que fazer em cima da hora. Entre os passeios havia um tour por Abu Dhabi e era uma cidade por onde queríamos passar, não somente por ser a capital, mas também por ser a cidade com uma linda mesquita e porque o filme Sex and the City 2 foi ambientado lá.

Assim como para o tour por Dubai, a van veio nos buscar no hotel às 8h30 e, para variar, ela também estava lotada com mais quatro meninas pouco simpáticas, de algum país nórdico com uma língua composta apenas por consoantes. O guia saiu da van para nos receber e foi muito gentil, dizendo, inclusive, que durante o trajeto pediria para as meninas revesarem o assento conosco, já que estávamos sentadas na última fileira da van.

Do hotel até Abu Dhabi, levamos cerca de 1h46. É longinho, mas é um lugar que é bacana conhecer. Até então, pensávamos assim. Nossa primeira parada foi a i-men-sa-e-ex-tre-ma-men-te-bran-ca Sheikh Zayed Grand Mosque, a segunda maior mesquita do mundo (não sei como não é a primeira, juro). Já ficamos impressionadas dentro da van, pois parecia ser incrível, e é.

Vista lateral da mesquita.

Chegando lá, o guia falou que entraríamos na mesquita e ele estaria conosco lá dentro para explicar como funciona, só que não foi bem assim. O problema começou quando a Lu pediu cinco minutos para fumar um cigarro antes de entrar. O guia, na mesma hora, disse: "Não. Primeiro entramos e depois você fuma. Vai levar 45 minutos". Eu tinha entendido que ali não era permitido fumar, porém, depois que a Lu pediu novamente, ele falou que não queria que ninguém fumasse e que se não seguíssemos o grupo naquele momento, ele iria na frente. Isso tudo em um péssimo inglês com sotaque árabe. Vai imaginando.

Insistimos mais um pouco, para a irritação do guia, que ameaçou levantar a voz. Ele saiu andando na frente para acompanhar as polacas e fomos atrás. Chegando à frente da mesquita, ficamos impressionadas com o tamanho daquilo tudo e começamos a tirar fotos. O guia então chega correndo e literalmente gritando conosco, dizendo que não poderíamos tirar fotos ali. Perguntamos o por quê e ele disse que mulheres não podem tirar foto ali. Respondemos "tá bom, então vamos pedir pra um homem bater uma foto nossa". Ele pirou e dizia "YOUDON`TLISTEN!YOUDON`TLISTEN!" e a gente ali, sem entender nada. Eu falei que escutaríamos se ele explicasse os motivos.

Neste momento o guia já estava gritando conosco a todo vapor. Pena que não dá pra registrar na foto.
Ele chegou com um papo dizendo que seríamos presas, mas grupos e mais grupos chegavam a cada minuto e TODO MUNDO estava tirando foto, homens e mulheres. Por que esse cara estava me dizendo que eu não podia? Pra evitar dar um soco na cara dele, saí andando na frente. A Lu ficou discutindo com ele até entrarmos na mesquita. Eu quis evitar a fadiga, porque, naquele momento, o tour já havia terminado pra mim. Foi péssimo.

Entrando na mesquita, só as mulhers, óbviamente eram encaminhadas para uma sala onde deveriam pegar suas abayas para entrar na mesquita. A sala cheirava a tinturaria e todas as abayas estavam limpas, o que achei ótimo. Mantivemos o nosso lenço e sim, você tem que cobrir tudinho, caso contrário o guarda virá chamar a sua atenção, como aconteceu comigo assim que saí da sala com um pouco de colo aparecendo (pouco, juro).

Eu à esquerda e a Lu à direita, com abayas e lenços. Nos tornamos iguais a todas as mulheres ali.
Depois de vestidas, o guia chega pra nós duas e fala que o motivo de não ser permitido tirar fotos na frente da mesquita, era porque estávamos sem a abaya. Minha pergunta na hora foi por que ele não disse isso quando saímos da van. Fomos mal orientadas, certo? Não éramos obrigadas a saber como deveríamos nos comportar, a não ser que ele nos explicasse, mas não, ele queria ter o controle sobre o grupo.

A discussão se estendeu por todo o páteo da mesquita, até que dissemos a ele que não fazíamos questão da companhia dele. Olha o nível... ele simplesmente saiu andando e disse que desistia. Demos graças a Deus por não tê-lo por perto. Continuamos a andar, no meio da multidão, sem entender o que cada coisa significava. Isso foi péssimo e confesso que fiquei triste por não poder aproveitar 100% daquele lugar tão lindo. Ficamos com muita raiva de todo aquele controle, julgamento e preconceito. Queríamos ir embora.

Detalhes do lugar. Um pouco exagerado, confesso, mas são os Emirados Árabes e o exagero é obrigatório.

Terminamos a visita à parte interna da mesquita e fomos para o páteo, onde ventava muito e o guia já havia deixado bem claro que não poderíamos tirar foto da tumba do Sheikh Zayed, que é um anexo da mesquita. Confesso que nem sei se eu tirei ou não, pois o nível de estresse estava tão alto, que eu não escutava mais o que o guia dizia.

No páteo era preciso segurar tudo, caso contrário, sairia voando!

A Lu e eu saímos da mesquita um pouco na frente para dar tempo de fumar um cigarro. No caminho, passamos por uma área onde algumas pessoas estavam sentadas. Era um tipo de um poço gigante, com torneiras saindo nas laterais. Aparentemente, um lava-pés. Ao passar por ele, o guia veio atrás dizendo o que era e termina com o clássico "mas só é permitido para os homens". Parecia que o prazer da vida dele era dizer isso pra gente.

Chegando à van, acendemos um cigarro e ele fez questão de fazer cara de que não tinha tempo para esperar. "E as meninas do grupo?", gente, as mais apáticas do planeta Terra. Não diziam nada, logo, eu não estava ligando também. Assim que fumamos, ele passou correndo pela gente e apagou um dos cigarros que ainda estava um pouquinho aceso no chão. Ele volta e fala "isso dá multa de 1.000 dirhams, viu?". Mais uma vez, o guia só nos orienta DEPOIS dos fatos.

Lamentável.

E essa é só a primeira parte desse dia esquisitíssimo.

"Mas Ana, vale a pena conhecer a mesquita?". Lógico que sim. O lugar é espetacular e é um marco dos Emirados Árabes, só que não recomendo conhecê-lo pelo Desert Safari Dubai, pois você pode ter o azar de ser levado por esse guia.

Até!

SHARE

Sobre Ana Raquel

Jornalista, 36 anos, canceriana, chorona. Se emociona com tudo. Vive sem muito planejamento, mas com muitos planos.

5 comentários :

  1. Ana, tô adorando os seus posts! Que experiência maluca esta nos EAU!! Um beijo e pé na estrada! Paulo Machado.

    ResponderExcluir
  2. Paulo, meu querido! Que ótimo saber que você tá lendo nossas andanças por esse mundo. EAU é demais, mas espera só pra ver quando chegarmos ao Líbano.. hahaha :) AMÈM! Estrada é vida! Beijo

    ResponderExcluir
  3. Ótimo post, adorei ler a viagem, ainda mais que moro por aqui e conheço os lugares. porém, com guia ou sem guia, cigarro no chão Ana?

    ResponderExcluir