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Dia 13: Volta para São Paulo

Written By Ana Raquel on segunda-feira, abril 16, 2012 | segunda-feira, abril 16, 2012

Com a graça dos céus, consegui dormi algumas horas na noite que antecedeu nosso voo de volta ao Brasil ao contrário da Lu, como ela conta aqui. Bom, eu ia reclamar do quê também? Enfrentaríamos 16 horas dentro de um avião e tempo ocioso é o que não faltaria. Acordamos um pouco depois das 7h e partimos com a van das 7h30. Nosso voo era às 10h35 e, na noite anterior, a própria recepcionista do hotel disse que poderíamos fazer o check-out às 8h, pois as vans saem de 15 em 15 minutos. 

O trajeto foi rápido até o aeroporto e teríamos tempo, já que o nosso check-in havia sido feito em Beirute, de onde, inclusive, nossas malas haviam sido despachadas. Com tempo de sobra até o embarque, fomos fazer compras no free shop para gastar os dirhams que tínhamos no bolso e aproveitar as mãos livres. Quer dizer, a minha, né, porque a Lu estava com o camelo de madeira dela que chamei de "the new Scooby Doo". hahaha :)

A sala de embarque estava lotada e confesso que achei o embarque um pouco desorganizado, mas nada que comprometesse nosso humor antes de voar. Quando entramos no avião, percebemos que o lugar onde nossos assentos estavam era muito maior que o da ida. Vou explicar: voamos de Boeing 777-300ER nos trechos SP/Dubai e Dubai/SP. Na ida, voamos na penúltima fileira, número 49. Na volta, escolhemos a fileira 46, a primeira da sequência de fileiras apenas com dois assentos laterais. Ali rola uma curva para a parte traseira do avião, logo, o espaço para as pernas, além do espaço do lado do banco do corredor são muito maiores! Sem apertos e sem batidas de carrinhos inconvenientes no seu cotovelo enquanto dorme. Dica de ouro para quem está pensando em voar Emirates, hein? Olha o mapa de assentos aqui.



Tudo muito bom, tudo muito bem, voamos tranquilamente até chegar no Brasil. :)

Algumas das paisagens que curtimos na volta para casa.
Como já falamos por aqui, de uma brincadeira de férias criamos o #SinTrip. De uma longa viagem por um Ocidente cheio de clichês, saltamos (literalmente) para o Oriente desconhecido, cheio de histórias, lendas e tabus. De uma decisão de ocasião, um destino que proporcionou algumas das melhores memórias que um viajante pode ter.

Os Emirados Árabes, com sua mania de grandeza e cortina de riqueza, nos impressionaram, assustaram, decepcionaram e, por fim, criaram novas expectativas que deixaram uma ponta de vontade de viver tudo de novo, só que de outra maneira. Povo cisudo, de longas vestes, negras e brancas, que camuflam pessoas de uma cultura tão particular. São todos iguais? Nunca. Ninguém é. Há de se olhar de perto para enxergar melhor.

Entre burcas, lenços e camelos, um emaranhado de pessoas brilha mais que o ouro dos souqs. Seu sorriso branco contrasta a pele marrom, marcada pelo sol. Seus yalas já não soam estranho aos ouvidos. Pelo contrário, se tornam música para quem está atento, pronto para arriscar um chukran com olhar tímido para o solícito comerciante. Pós-graduados em barganha, não mais somos turistas nos Emirados, mas sim, curiosos em busca de conexão com o povo que lê de trás para frente.

Assim como são extensos os desertos de Dubai, também é a cultura dos Emirados. É preciso sair do carro (ou do camelo) e pisar na areia, densa e vermelha, para sentir como é diferente.


Em sequência, uma soma perfeita de paisagens lindíssimas, povo amável e comida deliciosa. O Líbano é assim, o ideal materializado de um destino perfeito de viagem. Há tempos que uma magia assim não tomava conta dos meus sentidos. A beleza da rocha furada contrastada com bases militares, a sensualidade de homens cavalheiros e o mistério nos olhos pintados de mulheres lindíssimas, o sabor suave de um iogurte fresco com hortelã e o granulado que indica que o seu café turco chegou ao fim. 

O centro de Beirute tem uma névoa mágica de arguile. O arguile, a companhia perfumada para o solitário e o combustível aquecido por brasa para uma roda de amigos. A fumaça densa que paira sobre os cafés, restaurantes e lojinhas são guias naturais, setas imaginárias que indicam aonde se deve ir. Por todas as ruas, uma surpresa, uma quebra de paradigmas. "Nossa, nunca pensei que fosse assim" é fala constante pelas ruas musicalizadas por buzinas incessantes.

Assim como as montanhas que se veem ao longe, é o Líbano. Os picos nevados das montanhas, frios, quase sem cor, com seus altos e baixos. Me remetem aos subúrbios, cheios de história escrita em concreto cinza e paredes marcadas por balas. Também é como a praia e o mar Mediterrâneo, com um festival de reflexos dourados de um sol vermelho, quente. Um reflexo que te abraça assim como o sorriso que acompanha um marhaba pela manhã, quando você pede sua manoosh quentinha.

Do deserto às ruínas, vivemos para isto: para desvendar, quebrar barreiras e nos livrar dos tabus. Que dica deixamos? Misture-se, contamine-se e torne-se igual. Ser homogêneo será a melhor decisão que você poderá tomar em suas próximas viagens.

Até mais!

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Sobre Ana Raquel

Jornalista, 36 anos, canceriana, chorona. Se emociona com tudo. Vive sem muito planejamento, mas com muitos planos.

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