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Dia 7: Beirute (Líbano) - O centro histórico e a marina

Written By Ana Raquel on domingo, abril 01, 2012 | domingo, abril 01, 2012

Já havíamos comentado com o Ahmed que gostaríamos de conhecer o souk de Beirute. Assim como toda cidade no Oriente Médio que mantém suas tradições, pra nós, pelo menos, era obrigatório ter um souk bem colorido e cheio de coisinhas pra pechinchar. Não foi bem o que encontramos a partir de uma visita noturna, onde descobrimos várias coisas sobre a história da cidade. 

História
Com seus quase 2 milhões de habitantes -- censo não confirmado desde 2007 --, Beirute, a capital do Líbano, é hoje uma cidade viva, alerta e iluminada. A primeira referência histórica à Beirute é do século 15 a.C., quando foi encontrada uma menção à ela em escritos egípcios, mas pesquisadores têm a certeza de que a cidade é mais antiga que isso. A região, povoada até então pelo povo fenício (nas lojas de souvenirs você encontrará estátuas de homenzinhos magros com chapeuzinhos azuis, fazendo referência a este povo), tornou-se domínio romano em 64 a.C., período de prestígio que durou até o ano 635 d.C., quando o povo árabe chegou e conquistou a região. Para os curiosos, Beirute foi a primeira cidade no mundo a ter uma faculdade de Direito. :)

No centro de Beirute você encontra resquícios da época romana, como podem ver na foto. Estas colunas são parte de alguns dos registros arqueológicos que a cidade preserva. Elas foram descobertas na década de 60. Interessante foi descobrir que estas colunas se encontram no que eles chamam de Jardim do Perdão, um projeto de Alexandra Asseily que busca resgatar as origens da região por meio de estudiosos, pesquisadores e arqueologistas. O jardim está em uma região por onde passa a Linha Verde, uma demarcação instituída durante a Guerra Civil Libanesa para dividir a parte Leste (Cristãos) e Oeste (Mulçumanos) da cidade e que hoje já está defasada.


Guerra Civil
A "Pérola do Oriente Médio", como é conhecida, viveu anos marcados por conflitos políticos e religiosos. Entre 1975 e 1990, Beirute viveu uma sangrenta guera civil. A cidade foi dominada por milícias de várias facções e sofreu com severos ataques aéreos de Israel, resultando em danos catastróficos que ainda são vistos por muitas esquinas da cidade. Em 1994, Beirute começou a ser reconstruída e o trabalho árduo continua até hoje. O projeto privado Solidere (Sociedade Libanesa para o Desenvolvimento e Reconstrução do Distrito Central de Beirute), tem trabalhado na restauração de Beirute, mas suas ações ao longo de 18 anos têm gerado controvérsia e questionamento por parte de proprietários de imóveis na região, além de ser acusado de ser ponte para suborno de poderosos. Apenas pra citar alguns. O barulho resultou no Stop Solidere. 

Reconstrução
Conflitos à parte, o antigo souk de Beirute foi reconstruído pelo Solidere, resultando em um shopping lindo a céu aberto, com lojas caríssimas, chamado Beirut Souks. O interessante é que o conglomerado de lojas mantém os antigos nomes de cada souk, com a intenção de manter a herança histórica.


Saindo do Beirut Souk e caminhando pelos calçadões, nos vimos no meio do Solidere, que na verdade é o Beirut Central District (BCD), mas por conta dos trabalhos da organização, acabou assumindo este nome. O ponto central deste centro financeiro e turístco é a praça do relógio, chamada de Place d'Etoile (Praça da Estrela). Por ali também encontramos uma reunião de igrejas católicas, da Catedral Greco-Ortodoxa de Saint George e da bela mesquita de Mohamed Al-Amin, a maior do Líbano. Esta mesquita foi projeto do primeiro-ministro Rafik Hariri, morto em 2005 em um atentado. Ele foi enterrado ao lado da mesquita e hoje há uma homenagem a ele no local.

Olha o Ahmed ali no cantinho direito, de gorrinho, sendo nosso guia particular :)
O centro de Beirute é uma mistura de épocas, religiões e comportamentos.
O centro iluminado de Berute é um convite a se encantar (mais) com a cidade. :)
Manifestação
Para coroar nossa visita ao centro, percebemos uma movimentação com música e dança, e, no primeiro momento, achamos que era alguma festa. Ledo engano. O Ahmed nos explicou que alguns locais estavam fazendo barulho em prol do presidente sírio Bashar al-Assad, conhecido pelo mundo por ser o ditador responsável pelo massacre que temos visto nos últimos meses na Síria. O exército e a polícia militar estavam a postos e havia barricadas espalhadas por todo lugar. Acho que toda a força humana estava presente por ali. 


Percebemos que a confusão começaria a qualquer momento, quando o Ahmed apontou pro outro lado do cordão de militares: um grupo bem grande contra Bashar al-Assad estava fazendo uma bagunça daquelas. Eu filmei (tá um pouco longo) até o momento onde um cara veio com a mão e pediu pra eu desligar. Eu poderia ter continuado -- jornalista feelings --, mas achei melhor recuar.



Marina
Depois de caminhar pelo centro de Beirute, o Ahmed falou "vocês não podem sair daqui sem conhecer um pouco da marina". Estávamos mortas, mas topamos. É nesta área da cidade onde estão os condomínios de prédios mais caros e muitas celebridades moram por lá, como a cantora Haifa Wehbe (a Britney Spears do Líbano, como a Lu fala). Por ali você encontrará, além de enormes iates ancorados, restaurantes e cafés. Percebemos que a segurança local anda à paisana e há muitos deles.

Os cafés da marina são um bom convite para finalizar o dia com estilo em Beirute.
E vocês acham que nosso dia terminou? Na verdade, essa noite estava apenas começando... daqui a pouco eu volto pra contar. :)

Até mais!

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Sobre Ana Raquel

Jornalista, 36 anos, canceriana, chorona. Se emociona com tudo. Vive sem muito planejamento, mas com muitos planos.

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