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É para comer ou para viajar? - Os filmes

Written By Ana Raquel on segunda-feira, outubro 08, 2012 | segunda-feira, outubro 08, 2012

Que pergunta! É óbvio que é para fazer os dois! :)

Comer e viajar estão no top 5 de preferidos da minha vida e quem me acompanha no Instagram sabe do que eu estou falando. Antes de poder trabalhar com a cozinha ou inserir a viagem como parte vital dos meus planos, sempre observei em filmes detalhes que, de alguma maneira, me inspiraram a buscar por determinadas refeições por onde eu fosse. Alguns sonhos eu já realizei, outros, quer dizer, a grande maioria, ainda não. Eles certamente me fazem ter vontade de continuar a minha busca.

Dividi este tema em dois: filmes e livros. Começarei pelos filmes, estes, que vivem no meu inconsciente ou cenas que ficaram guardadas na minha memória e que não necessariamente representam um lugar, mas uma sensação que volto a encontrar quando viajo.

Ao final deste post, fique à vontade para dividir com a gente alguma inspiração, um filme que te deixou com fome de viajar -- para saciar a fome do sonho ou a do estômago. Vamos lá?

Tomates verdes fritos (2001)
Embora seja uma história extremamente dramática, este clássico representa para mim a primeira memória que tenho sobre ter vontade de comer algo que vi em um filme. Lembro como se fosse ontem, meu pai com o VHS em mãos para assistirmos, a tristeza pela morte do lindo do Buddy (Chris O'Donnell), o estranhamento por não entender direito a amizade entre Idgie e Ruth, a gentileza gratuita com os amigos negros, tão violentamente discriminados nos anos 20 nos Estados Unidos e, claro, os tomates verdes fritos.

Meu Deus, quantas vezes eu imaginei como seria o sabor daquele tomatinho? Será que era crocante, doce, gorduroso? Até que um dia, minha mãe nos surpreendeu com a receita, delícia que acompanhou nosso cardápio desde então. E adivinhe só, você também pode comer essa tradicional delícia quando visitar um dos estados super caipiras do sul dos Estados Unidos, como Alabama ou Georgia.

Em sentido horário: Mary-Louise Parker, Mary Stuart Masterson, Jessica Tandy e Kathy Bates 
Whistle Stop, Alabama onde a história se passa é, na verdade, Juliette, Georgia, uma cidadezinha a pouco mais de 1 hora de carro da capital, Atlanta. A cidade, que mantém um site, tem o maior orgulho em ser a detentora do Whistle Stop Cafe, de grande importância do filme. Bom, o café, claro, serve os queridinhos.

Agora, se o seu negócio é encontrar o melhor tomate verde frito de todo o sul da gringa, aqui vão as dicas de ouro: The Busy Bee Cafe (810 M.L. King, Jr., Dr, Atlanta - US$ 20-30/pessoa) e o Ricos World Kitchen (306 W Main St., Buford - US$ 15-20/pessoa). Eles têm os que são considerados os melhores tomates verdes fritos do estado. Se aparecer por lá antes da gente, por favor, conte como foi!

O fabuloso destino de Amélie Poulain (2001)
Gravado em Montmartre, bairro localizado ao norte de Paris, é considerado um dos filmes que resgatou o espírito boêmio do cinema francês contemporâneo. Desde que assisti esta história deliciosa, há muitos anos, constantemente lembrava das ruas de paralelepípedos, do mercadinho Au Marché de La Butte, propriedade do rabugento Monsieur Collignon, e, claro, do Café des 2 Moulins, que empregava a doce Amélie (Audrey Tautou).


Em 2009, realizei o sonho de ver tudo de perto e sentar ao lado do balcão do Café des 2 Moulins (15 Rue Lepic, Montmartre). Pedi, timidamente e com um péssimo francês, um club sandwich com um a taça de chardonnay. Mais turista, impossível, mas, acima de tudo, maravilhoso! De sobremesa, um crème brûleée que leva o nome da heroína do filme. Gastei um bocado para uma refeição modesta e lembro que foi cerca de 30 €, fora a gorjetinha. Valeu cada centavo e recomendo. :)

Chocolat (2000)
Filme fácil de ser visto, faz você morrer de vontade de comer os chocolates lindamente preparados pela incrível Juliette Binoche. Daí, quando menos se espera, aparece o Johnny Depp, provocando uma combinação altamente tóxica. A história não é tão inebriante quanto a atmosfera do pequeno vilarejo do interior da França onde o filme foi gravado. Flavigny-sur-Ozerain está entre os destinos que quero conhecer um dia, em um daqueles tours deliciosos pelas regiões da França, responsáveis por alguns dos mais ricos ingredientes do mundo.


A pequena cidade fica na região da Borgonha, no departamento (tipo de sub-categoria de região) de Côte-d'Or, pertinho de Dijon (ai que fome, meu Deus). Para você ter uma ideia, o vilarejo é parte de uma associação chamada "Os mais belos vilarejos da França". Quão incrível é isso? No censo de 2008, 323 pessoas moravam lá. Parece mentira, não é?

Parece uma cidadezinha descrita em um conto qualquer que você tenha lido na infância :)
Distante pouco mais de 250 km de Paris, a vila pode ser visitada em um dia ou, no máximo dois, se você curtir dormir em lugares inusitados. Este é o lugar para fazer absolutamente tudo a pé. Primeiro, porque carros não são permitidos dentro da cidade (há um estacionamento para visitantes logo na entrada), segundo, porque é muito pequena. As atrações são modestas, mas, após o filme, Flavigny-sur-Ozerain entrou no roteiro de muitas pessoas que exploram o lado B de países como a França. A vila tem uma loja de doces de anis, "village tour" (dizer city já é demais), uma cripta, um ateliê de artesanato local, a igreja, a casa e a prefeitura onde foram gravadas cenas importantes do filme, e um bar. Sim, apenas UM bar na cidade que oferece um banheiro. :) Para dormir, há dois B&B -- aqui e aqui -- (a partir de 70 €/noite por quarto duplo) ou até pequenas casas de temporada (a partir de 300 €/semana). Encontrei um site onde você pode ter informações sobre as atrações. 

A festa de Babette (1987)
Termino com este clássico da gastronomia das telas, que considero ser um dos filmes mais simples e incrivelmente sensíveis sobre o tema. Ele agrada os eternos apaixonados pela arte de alimentar e ser alimentado, e também aqueles que não ligam muito para o tema. O filme, dirigido por Gabriel Axel, foi inspirado em um dos cinco contos do livro Anedotas do Destino, da escritora dinamarquesa Karen Blixen. A história se passa no século XIX e começa quando uma francesa escapa da Comuna de Paris para se refugiar em um vilarejo da Dinamarca. Só posso dizer que a chegada dela é um marco na vida das pessoas daquele lugar quase inóspito.


É óbvio que há anos meu sonho é comer os pratos preparados pela Babette e, durante uma pesquisa,  descobri que um chef muito apaixonado pelo filme realiza, anualmente, um evento no qual ele serve o mesmo cardápio apresentado no filme. O premiado Aquavit (ML12, Conjunto 1 - Casa 5), do chef Simon Lau, fica em Brasília e há oito anos oferece o jantar de Babette. Este ano, o evento rolou entre os dias 12 e 15 de setembro. Uma pena que eu não soube antes, mas farei planos para estar lá no ano que vem. Ah, o chef é dinamarquês. Nada de acaso aí. :)

Uma certeza dou: é impossível não se emocionar com a história. Deixo, como um presente, o link para este filme. Basta clicar no título do filme, ali em cima. Ele é difícil de ser encontrado, então, aproveite até lamber os dedos. :)

Aqui termina a primeira parte e espero que tenha gostado! Não se esqueça de deixar um comentário com um filme que tenha instigado a sua imaginação ou tenha te levado longe só para comer.

Até mais!


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Sobre Ana Raquel

Jornalista, 36 anos, canceriana, chorona. Se emociona com tudo. Vive sem muito planejamento, mas com muitos planos.

2 comentários :

  1. Que delícia, este post!
    Sou apaixonada por Amelie e pelo Montmartre, fui até à porta do café, mas não entrei. Não estava disposta a pagar 90 reais em uma pequena refeição em um café.
    Eu adoro filme que tem relação com comida, e os dois que me vem em mente é Comer,Rezar e Amar (já me esbaldei na Itália) e o Ratatouille (ainda não tive o prazer de experimentar).

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    Respostas
    1. Que bom que curtiu, Stephanie! Infelizmente acabamos pagando pela história e pelo glamour, mas ter ido até lá com certeza valeu a pena. :)

      Ótimas lembranças, quem sabe não dá uma segunda parte de filmes. :)

      Beijos!

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