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É para comer ou para viajar? - Os livros

Written By Ana Raquel on segunda-feira, outubro 15, 2012 | segunda-feira, outubro 15, 2012

Semana passada dividi com você um texto sobre determinados ingredientes ou refeições em um filme que me inspiraram a viajar. Hoje, vou contar sobre alguns dos livros que mantenho na minha cabeceira e que fazem minha imaginação ir longe toda vez que leio sobre algo gostoso escrito neles. E por que não inventar uma viagem só para ir ao encontro daquela especiaria que você leu a respeito em uma história incrível sobre algum souk do Oriente? :)

Comer rezar amar, Elizabeth Gilbert (2006)



Super popular, foi até mencionado em um comentário no último post sobre o tema. :) É um livro bacana, infinitamente melhor que o filme, acredito eu, mas vamos direto ao assunto. Como dizem por aí, a vida é curta, logo, comecemos pela sobremesa. A autora, Elizabeth Gilbert, trouxe à luz uma sorveteria já conhecida dos amantes do gelato: Il Gelato di San Crispino (Centro Storico - Fontana di Trevi- Vila della Panetteria 42), que se imortalizou no livro, bem como no filme. Se quiser seguir à risca, Gilbert provou mel e avelãs, depois, grapefruit e melão, e, por fim, gengibre e canela, no entanto, lendo por aí, dá para perceber que as opções são infinitas. Quero todos. Juntos. Ao mesmo tempo. O preço pode chegar a € 8.

Para saborear uma típica pizza transformada em ícone por causa de um filme de Hollywood que estraga tudo e faz parec... bom, você entendeu. Gilbert disse que a L'Antica Pizzeria da Michele (Via Cesare Sersale, 1, Nápoles) é a melhor do mundo e eu não duvido, aliás, antes dela, todos os guias da Itália já listavam o local como must do de Nápoles. Convenhamos, o lugar existe desde 1870. O problema é que depois de um best seller e, pior, um filme estrelado pela Julia Roberts, qualquer lugar se torna insuportavelmente turístico. Vendida a € 8, é muito mais cara que outras pizzarias tão boas ou até melhores que esta. Já tenho algumas na manga para quando visitar a Itália, inclusive, mas não vou estourar a bolha. Se você quiser curtir uma atmosfera mais turística, fica a dica. :)

Em outro trecho, Gilbert conta sobre uma padaria onde torcedores do Lazio se encontram após os jogos. Ela conta que lá comeu pãezinhos recheados de creme, ou melhor, bigné con la crema. Não encontrei o lugar sobre o qual ela conta, mas aqui vai a dica: bignés são as nossas "carolinas". Logo, quando passar por uma padaria na Itália, prove um e conte para mim como é. :)

Kitchen confidential, Anthony Bourdain (2000)



Anthony Bourdain é um dos bad boys das cozinhas, um cara das antigas que quebrou paradigmas ao escrever este livro, um clássico para os amantes da gastronomia e seus bastidores. De forma resumida, é um livro auto-biográfico, com detalhes das noitadas e as altas viagens pelo uso de drogas, mas também bastante dedo-duro. Bourdain colocou na berlinda todo um mercado que, até então, vivia atrás de uma cortina de fumaça. Bom, ele chegou e colocou fogo na parada. O livro é considerado, por alguns, como um divisor de águas no entendimento sobre a cozinha comercial. 

Não é necessariamente um livro que inspira visitar um determinado lugar, porém, mostra a realidade de uma forma bastante interessante. Um exemplo? Bourdain fala para nunca pedir carne bem passada, pois você corre o risco de não comer um filet mignon, já que o gosto da carne assada em excesso fica bastante parecida em qualquer tipo de corte. ;) 

Hoje, Bourdain colhe os frutos e se tornou uma celebridade. Se estiver por Nova York, passe pela Brasserie Les Halles (411 Park Avenue South) , celebrada casa do chef. Prepare o espírito para uma das melhores carnes de NY (altamente indicada pelo Guia Michelin), mas também o bolso. :) Se o nome de Bourdain ainda não é familiar, certeza que o rosto será. Ele apresenta o programa No Reservations, no Travel Channel (pode ser visto pela internet) e confesso uma ponta de recalque, já que hoje, dia 15, passará um especial sobre o Rio de Janeiro. ~risos~

Chocolate amargo, Gordon Ramsay (2006)


Sou seguidora confessa do Ramsay e, acima de tudo, acho ele o pacote completo: bonito, meio bruto, cozinha, bem sucedido e a vigésima letra do alfabeto em toda sua potência de caps lock (um pequeno enigma para você desvendar). Quando li o livro, em 2009, me senti frustrada por nunca ter comido em nenhum de seus restaurantes, mas espero poder mudar o status em breve. 

O livro, autobiográfico, traz detalhes sem censura da infância difícil e da ascensão meteórica do chef mais rabugento da atualidade. É uma daquelas verdade que te faz ter certeza de que algumas pessoas simplesmente "são". Com uma carga tão expressiva, compreende-se perfeitamente a atitude quase arrogante de Ramsay, sua birra com quem não tem comprometimento e sua relação doentia com o sucesso. 

Entre meus sonhos de consumo dom o Ramsay, além de ser sua segunda esposa (brincadeira), é comer um menu degustação (£ 140) no Gordon Ramsay (68 Hospital Road, Londres) ou ter a incrível experiência de sentar em uma chef's table no Maze (10-13 Grosvenor Square, Lonrdres), hábito de Ramsay que reserva uma mesa dentro da cozinha, para que você sinta na pele a energia de uma cozinha em movimento. No dia, o chef servirá a sua mesa com um menu surpresa. A mesa pode ser reservada para até sete pessoas (pode chegar a £ 205 por pessoa no jantar, com harmonização de vinhos), que serão atendidas com exclusividade por um garçom e um sommelier. Se um dia você tiver esta oportunidade, por favor, não me conte. hahaha Pode contar sim.

O homem que comeu de tudo, Jeffrey Steingarten (1997)


"Homem larga carreira bem sucedida como advogado para se tornar crítico gastronômico". Aí está o meu tipo de pessoa, definitivamente. Steingarten foi um cara que, além de competência, teve a sorte de deixar uma profissão segura para se jogar e fazer o que realmente gostava: comer. Completamente visceral, aprendeu em suas viagens pelo mundo o que é comer bem, comer mal e comer, simplesmente pelo prazer do ato. Ele entendeu também que não há lugar como a sua casa, nem mais confortável. Este é um livro que mostra a busca incessante pelo conhecimento através do paladar, a caça pela batata frita perfeita ou a quebra de tabus, preconceitos gustativos que adquirimos não sei onde, talvez na barriga de nossa mãe. Vai saber...

Sobre este livro, não darei indicações, mas sim, indicarei ele mesmo. É uma leitura que pode levá-lo  -- e vai levar -- a um outro nível de experiência alimentar quando estiver viajando por aí. Não precisa ser longe, na Ásia. Pode ser no interior, na cidade onde sua avó nasceu. :) O importante é quebrar barreiras e pós-graduar o seu paladar

Filmes, livros, viagem e comida: uma soma que, definitivamente, dá certo. :)

Até mais!

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Sobre Ana Raquel

Jornalista, 36 anos, canceriana, chorona. Se emociona com tudo. Vive sem muito planejamento, mas com muitos planos.

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