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Dia 25: Versailles (França) - Chuva, Palácio fechado e um pequeno sufoco

Written By Luciana Sabbag on quarta-feira, setembro 23, 2015 | quarta-feira, setembro 23, 2015

A segunda-feira, dia 22 de junho, era o meu último dia de viagem. Como eu queria fechá-lo com chave de ouro, acordei cedinho e corri para a estação de Gagny, para pegar o trem (RER) para Versailles (ou Versalhes). Demorei quase duas horas para chegar ao meu destino e, durante o percurso... fomos surpreendidas:


O negócio é o seguinte: não tem ninguém olhando se você paga a passagem ou não. Muita gente, mas muita mesmo, toma os trens sem pagar. Só que não vale a pena se arriscar. A Helô já tinha me avisado que, vez ou outra, os fiscais entram nos vagões e pedem para ver sua passagem. Isso não tinha acontecido comigo até então, mas como este trecho de viagem é bem longo, eles não deixam passar. E, se o bilhete estiver errado ou se você não estiver com seu bilhete, pá!: multinha de 200 euros, na hora. Eu estava tranquila, mas fica a dica.

Dia 25: Versailles (França) - Chuva, Palácio fechado e um pequeno sufoco

Cheguei em Versailles junto com a chuva. Uma garoa grossa e chata me acompanhou pelo caminho até o Palácio. A estação de trem (Versailles-Chantiers) fica pertinho de lá e, para chegar, basta atravessar a rua e seguir pela avenida transversal.

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Eu tinha chegado cedo em Versailles e, como a entrada e a bilheteria estavam fechadas, resolvi visitar os jardins primeiro.


Eu achei que a bilheteria abrisse mais tarde, mas estava enganada. Isso que dá não planejar uma viagem, meu amigo! Eu nem me preocupei em olhar antes, no site do Château de Versailles, os horários de funcionamento. E fui até lá à toa. E o pior: eu não teria chance de voltar, já que, como eu disse, era meu último dia de viagem. 

Então, atenção: o Palácio de Versalhes não abre às segundas-feiras!

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Mas, tudo bem. Já que eu estava na chuva (literalmente), melhor me molhar. Fiquei passeando pelos jardins, com a maior preguiça do universo, já que eu nunca vi jardim tão imenso. 

O Palácio de Versalhes é um dos maiores castelos reais do mundo, Patrimônio Mundial da UNESCO. Desde 1682, quando Luís XIV se mudou de Paris, até a família Real ser forçada a voltar à capital em 1789, a Corte de Versalhes foi o centro do poder do Antigo Regime na França.

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O Palácio possui 700 quartos e 700 hectares de parque. E ele não é só famosos por ser maravilhosamente incrível, mas por ser símbolo da Monarquia absoluta de Luís XIV, o "Rei Sol". Em 1837, o castelo foi transformado em museu.

Os jardins são um espetáculo à parte (e, infelizmente, o único que conheci): formado por diversos passeios simétricos, com canteiros, estátuas e fontes, tudo projetado por André Le Nôtre. Os jardins ficam ao sul do Palácio, em volta do eixo central do Grand Canal. Ao lado da Avenida Real ficam os jardins formais e, atrás desses jardins, fica a Fonte de Apolo, que simboliza o regime de Luís XIV. Ao fundo, estão os bosques dos campos de caça do rei.

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Depois de 25 dias de andanças, eu não tinha pés para andar tudo aquilo, é óbvio. E alugar o carrinho, como contei no vídeo anterior, estava fora de cogitação. R$ 128 sozinha naquilo não valia a pena. Então conheci o que aguentei.

Dia 25: Versailles (França) - Chuva, Palácio fechado e um pequeno sufoco
Dia 25: Versailles (França) - Chuva, Palácio fechado e um pequeno sufoco
Dia 25: Versailles (França) - Chuva, Palácio fechado e um pequeno sufoco

E essa parte, chamada Orangerie, que tem esses desenhos meio "arabescos" foi a que mais gostei. Sentei-me ali na escada e fiquei um tempão ouvindo o ensaio da orquestra que tocaria naquela noite, enquanto pensava na vida.


Quando me cansei (e a chuva apertou), resolvi passear pela cidade de Versailles. Foi quando vi a placa cretina na porta do Palácio, dizendo que eu tinha perdido minha viagem:

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Eu queria conhecer a Catedral São Luís de Versalhes, mas a chuva ficou muito forte e perdi um tempão debaixo de um toldo. No fim, não consegui chegar. Eu estava morrendo de fome e acabei parando para almoçar no Restaurant Le Jasmin de Tunis, na Rue de Satori, que servia comida oriental (árabe) e kebabs. Fiquei esperando, mais uma vez, a chuva parar, mas não teve jeito. Saí debaixo do toró mesmo e desencanei de conhecer a cidade. 

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Enquanto eu caminhava em direção à estação de trem, um homem me cumprimentou em árabe e eu, por educação, respondi. Mas que maldita foi a hora em que respondi em árabe! Deveria ter respondido em português ou ter ignorado o cumprimento. Ele começou a puxar papo, perguntando de onde eu era, onde eu estava e aonde eu ia. Falei que estava com pressa, mas não adiantou. Então chegou outro amigo dele, egípcio, que não falava uma palavra em inglês e insistia em me fazer mil perguntas em árabe. Os dois me acompanharam até a estação e ficaram insistindo para que eu fosse com eles, não sei pra onde, fumar arguile e tomar uns drinks. Eu dizia que não, obrigada, e eles não se contentavam. O egípcio se ajoelhou, implorando, enquanto o outro não parava de dizer que eu era linda e que queria me beijar. Mandei-os parar e afirmei que meus amigos estavam chegando para me buscar ali na estação. Eles ficaram mais de 20 minutos insistindo, até que eu comecei a berrar com eles.

Então, eles foram até a plataforma de trem e eu acendi um cigarro para fazer hora e despistá-los. Quando acabei o cigarro, entrei na estação e, assim que passei pela catraca, vi os dois parados na plataforma, me chamando com a mão. Voltei correndo, comecei a gritar "help" e não havia um único segurança na estação ou qualquer pessoa que se solidarizasse comigo. Imaginei que a única forma de me safar daqueles dois seria me escondendo. Fui para a lateral da plataforma e me escondi atrás de um pilar. Vi, de longe, um deles voltando para me procurar. Eu fiquei realmente com medo e me mantive ali escondida até que o trem partisse. E deu certo. 

O chato é que tive de esperar meia hora até que chegasse outro trem para me levar de volta à Gagny. Mas, pelo menos, eu estava a salvo. Dei uma boa olhada antes de entrar no trem para me certificar de que os dois não estavam me seguindo. 

Depois de duas horas, cheguei à casa da Helô e pus-me a arrumar minhas coisas para partir no dia seguinte. Tirando a chuva, o Palácio fechado e esses dois imbecis, até que foi bacana. 

Veja todos os posts sobre a França aqui.

Beijos,
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Sobre Luciana Sabbag

Jornalista, 36 anos, canceriana, chorona. Se emociona com tudo. Vive sem muito planejamento, mas com muitos planos.

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