Caminho de Santiago: cuidando dos pés

Written By Luciana Sabbag on quarta-feira, outubro 07, 2015 | quarta-feira, outubro 07, 2015

Só de me lembrar do Caminho de Santiago eu já penso "ai, meus pés!". É claro que não existem pés que resistam a 10 ou 11 horas diárias de caminhada e fiquem inteirinhos ao final do percurso -- e comigo não seria diferente. As bolhas são inevitáveis, mas há maneiras de amenizá-las e é sobre isso que eu quero falar hoje.

Em primeiro lugar, nem pense em fazer o Caminho de tênis. Eu já falei sobre isso aqui, mas quero reforçar que a bota de caminhada é imprescindível. Além de proteger os pés de pedras e de objetos cortantes, proporcionar maior conforto e impedir torções, ela mantém os pés secos (porque são impermeáveis) -- e pele molhada forma mais bolhas. Além disso, os tênis são muito frágeis e não suportam toda a caminhada. O que vimos de tênis rasgados, furados e sem sola largados pelo Caminho não foi brincadeira! Eu não sei o que teria sido dos meus pés sem minhas botas, de verdade. Nem sei se eu ainda teria pés pra contar história. As minhas botas são Timberland, do Meggashop Outlet, como contei nesse outro post


Em segundo lugar, compre meias específicas para trekking. Não adianta nada usar uma bota bacana e uma meia velha, fina, com costuras que machucam. Você pode achar que essas costuras não incomodam no dia-a-dia, mas experimente andar 24 Km com elas. Prefira sempre as meias atoalhadas, sem costura -- e quanto mais fofas, melhor. Usei meias Selene Trekking e Lupo Aeróbica Cano Alto. Ah, sim! Não use meias de cano baixo porque o atrito da bota no seu tornozelo vai machucar. Prefira meias mais altas que o cano da bota.


Cuidado com as unhas: deixe-as curtas, mas não "no talo". Se você tiver problemas com unhas encravadas, elas podem ficar piores. Vá a um podólogo 20 dias antes de viajar e depois não mexa mais (só corte as pontinhas). Nada de pedicure perfurando seus dedos e arrancando bifes dias antes do início do Caminho, hein?! Também não tire as cutículas porque elas protegem as unhas e não lixe os pés porque, se a pele ficar muito fina, as bolhas aparecerão com toda a força. Aproveite esses dias pré-viagem para hidratar bem os pés. 

Todos os dias, antes de calçar as botas para caminhar, lambuze os pés com vaselina sólida. Os pés precisam ficar bem escorregadios para não entrar em atrito com as meias. Quanto mais vaselina, melhor.


Pare a cada 5 Km para descansar e tire as botas e as meias. Coloque os pés para cima (que ajuda a circulação) e deixe os pés "respirarem", com os dedinhos livres e soltos. Se puder, lave os pés (eles estarão fedidos e imundos de terra, e sujeira é a chave da infecção), seque-os bem e, depois, lambuze-os novamente de vaselina antes de calçar as meias e botas. 


Você também pode caminhar por alguns quilômetros com sandálias de trekking, para que os pés respirem. Eu calçava as minhas assim que chegava ao local de hospedagem de todas as etapas, para passear pelas cidades, ir aos restaurantes, igrejas e mercados ou mesmo para andar pelos albergues. As minhas sandálias também são da Timberland, do Meggashop Outlet


Quando chegar no albergue e for tomar banho, deixe cair bastante água nos pés. Depois que se enxugar, lambuze os pés de hidratante e massageie cada pedacinho dos pés. Se já tiver algumas bolhas, não durma de curativos e evite dormir de meias: deixe os pés respirarem ao máximo.

Se, no dia seguinte, as bolhas estiverem muito grandes e cheias de água você não conseguirá nem pisar no chão. Atenção: não fure ou estoure as bolhas se elas não estiverem realmente incomodando. Mas, se você não conseguir nem calçar as botas, faça um furinho com uma agulha limpa (usei álcool gel para limpá-la) e dê uma apertadinha para que a água saia (em cima de um papel higiênico, por favor). Faça isso com muito cuidado: não estoure as bolhas e jamais remova a pele solta, porque ela é um curativo natural e ajudará a manter a pele interna (que está machucada) protegida de infecções. Em seguida, coloque um curativo, desses para bolhas, da Nexcare. Caso o curativo não prenda por causa da vaselina, use esparadrapos por cima dos curativos. Mas certifique-se de que não haverá atrito no local.

Tem gente que costura as bolhas, mas eu não tenho estômago pra isso -- e também não precisei porque o furinho deu conta de murchar a pele e "esvaziar" as bolhas. Tenha em mente que uma bolha infeccionada pode acabar com qualquer aventura, portanto, muita cautela na hora de pensar em mexer nessas bolhas. 

Esse tipo de bolha que eu tive no dedão não deve ser furada, mesmo que incomode um pouco. Doía, mas eu sabia que ficaria pior se eu fizesse alguma coisa.


Porém, quando a bolha chega num estágio em que os pés não entram mais nos sapatos (ou no meu caso, em que o dedinho ficou quase do tamanho do dedão), é preciso tomar uma providência. E a melhor é o furinho.


Depois da drenagem, a pele vai secar -- e vai ficar grossona até cicatrizar. Pode ser que demore semanas para sumir, como foi o caso dessa bolha do meu calcanhar, mas deixe a pele quietinha ali. Ela ficou enorme, gigantesca, eu furei e deixei. A mancha durou mais de um mês para sair, paciência.


Portanto, nunca faça a besteira de cortar a pele, como eu fiz na bolha imensa que deu no meu dedinho, por mais que a pele interna já esteja cicatrizada. Vai incomodar, vai ficar horrível, mas abrir um buraco é muito pior (porque vai demorar muito mais pra curar).


Se mesmo tomando todo o cuidado do mundo eu fiquei com esses pés de princesa (#SQN), imagine se eu não tivesse feito nada e tivesse caminhado de tênis. Por isso, use as melhores botas, as melhores meias e, mesmo assim, esteja preparado para possíveis incômodos. 

Veja todos os posts sobre o Caminho de Santiago aqui.

Beijos,


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Sobre Luciana Sabbag

Jornalista, 36 anos, canceriana, chorona. Se emociona com tudo. Vive sem muito planejamento, mas com muitos planos.

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