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Minha experiência com o site Viagogo

Written By Luciana Sabbag on terça-feira, abril 03, 2018 | terça-feira, abril 03, 2018

Como eu já contei nesse post, planejei toda a minha viagem para o México por causa de um show do Luis Miguel, que aconteceria no dia 28 de fevereiro, no Auditorio Nacional. Lembra?

Também contei, nesse outro post, que, assim que comprei as passagens aéreas, os ingressos se esgotaram no site da Ticketmaster. Ou seja, acabei não conseguindo a minha entrada. Lembra?

Pois bem. Durante vários dias, tentei conseguir meu ingresso de alguma forma (com conhecidos da banda, amigos mexicanos, fóruns de fãs etc.), mas não teve jeito. Muita gente dizia para eu deixar para comprar com algum cambista na porta mas, além de morrer de medo de comprar um ingresso falsificado, não queria correr o risco de não entrar no show. Assim, quando encontrei o site Viagogo, uma luzinha de esperança se acendeu em mim.


A viagogo é "uma plataforma online para a compra de ingressos, que tem como objetivo oferecer ao público a maior variedade possível de ingressos para eventos em todo o mundo. Também tem a intenção de ajudar os vendedores de ingressos, desde pessoas físicas que gostariam de vender seus ingressos extras até grandes organizadores de eventos multinacionais a alcançar uma audiência global."

Dei uma pesquisada bem rápida sobre a reputação do site e achei que estava tudo bem, afinal, reclamações são normais.

A compra do ingresso


Os ingressos no site da Ticketmaster (antes de esgotarem) custavam de R$ 70 a R$ 900. No Viagogo, o mais barato estava por R$ 300 (no setor mais distante do palco). Na ansiedade, comprei sem nem pensar muito, no dia 30 de janeiro. Eu não via outra saída no momento.

Só havia ingresso físico (nada de e-ticket) – e eles venderam essa característica como se fosse o máximo, já que você pode ter um souvenir do show – então eu teria que pagar frete para algum lugar de qualquer maneira.

Pedi para entregar na casa do meu amigo mexicano, o David, já que seria muito mais seguro que recebê-lo no Brasil. Pedido confirmado, pagamento aprovado, a mensagem que apareceu foi a de que meu ingresso seria "enviado via FedEx Nacional Dia Siguiente, em não mais de 3 dias antes do evento". Fiquei tranquila. 


A entrega do ingresso


Já que o prazo máximo da entrega era de 3 dias antes do evento, imaginei que o ingresso deveria ser entregue na sexta-feira, 23 de fevereiro. Como não havia nem sinal dessa entrega uma semana antes do show, comecei a ficar preocupada.

Na quarta-feira, 21 de fevereiro, cliquei em "suporte ao cliente" (já que não há nenhum telefone para contato) e enviei uma mensagem explicando a minha história. Lembrando que eu viajaria para o México no sábado, 24 de fevereiro.

A resposta que recebi foi uma mensagem padrão, que não me deu explicação nenhuma.

Enviei outra mensagem perguntando o que aconteceria se meu ingresso não fosse entregue e qual garantia eu tinha de que eu o receberia até o dia do show.

A resposta? Chegou 24 horas depois, com mais uma mensagem padrão que poderia ter sido encontrada no FAQ.


Comecei a ficar nervosa. De verdade.

A surpresa


Na tarde daquela quinta-feira, 22 de fevereiro, recebo outro email da Viagogo.


"Infelizmente, não poderemos mais entregar seus ingressos. Eles agora estarão disponíveis para retirada em local próximo ao evento".

O quê?
O quêêê?

Coloquei o tal do endereço no Google e fiquei chocada. Próximo ao evento? Próximo pra quem? Próximo de helicóptero? Fiquei puta da vida. Liguei para os dois números descritos na mensagem e ambos caíam direto na caixa postal.

Aquilo estava ficando realmente estranho.

Mandei outra mensagem, falando que eu não poderia buscar o ingresso, que eu não era do México blá, blá, blá. Falei que eu era jornalista e que colocaria a boca no trombone.


A resposta chegou na sexta-feira, um dia antes da minha viagem.


Ah, eles entendem a minha ansiedade? Que compreensivos!

Respondi, exigindo uma posição, dizendo que aquilo era um absurdo e que eles tinham que se responsabilizar.

Pouco depois, esse tal de Guilherme me ligou, de um número estranho, com código internacional.

Com sotaque carioca, ele disse que eu poderia ficar tranquila, que o Viagogo era como um Uber e só pessoas credenciadas poderiam vender ingressos. Falou também que estava resolvendo o meu caso e que já havia encaminhado o problema para seus superiores. Pediu que, assim que eu chegasse no México, enviasse uma mensagem para eles com meu número de telefone local, que eles me dariam uma posição. Implorei por um número de contato para que eu pudesse ligar e ele disse que eles não recebem ligação – que só eles fazem ligação.

Bom, eu não tinha mais o que fazer.

Viajei para a Cidade do México no sábado, 24 de fevereiro. Como contei nesse post, comprei um SIM Card assim que cheguei. E logo enviei a mensagem para o Viagogo.

É claro que ninguém me ligaria no fim de semana, mas eu não deixava de entrar no site pelo celular para conferir se algo havia mudado.


O nervoso


Na segunda-feira, 26 de fevereiro, recebi mais uma mensagem padrão, que fez o meu sangue ferver.


Meu Deus! Ainda isso?

Cara, eu não estava  acreditando que teria que mudar o meu roteiro de viagem para chegar a um lugar longe, duas horas antes do evento. Meu plano era conhecer Polanco e o Bosque de Chapultepec, para estar perto do Auditorio Nacional justamente na hora do show, e não poderia mais fazer isso. Teria de mudar todo o meu plano.

E outra: com quem eu pegaria esse ingresso? Eu me encontraria com uma pessoa que não sabia nem o nome? E se fosse um golpista esperando para cometer algum crime? Posso parecer noiada, mas não dá pra confiar, certo? Ainda mais em um país que eu não conheço.

Além do mais, eu continuava tentando contato através dos dois celulares mexicanos (que nem eram da Cidade do México) e nada.

Naquela mesma tarde, recebi outra mensagem automática, com um número de telefone no Brasil.


Ah, que bacana. Como eu ligaria para o Brasil agora? A solução foi explicar toda a história para o meu pai e pedir para ele ligar pra mim, de São Paulo.

Feito. Meu pai ligou, falou com um tal de Leandro e pediu para o cara me ligar. Eu estava almoçando, quando meu telefone tocou.

Falei para o cara que eu não tinha como buscar o ingresso em um lugar tão longe, apenas duas horas antes do show. Que eles que dessem um jeito de enviar meu ingresso para onde eu tinha escolhido entregar. Ou que me entregassem em um Starbucks realmente perto do show ou perto do meu hotel. Afinal, duas horas antes do show eu já estaria no local do show.

De voz mole e nada prestativo, o tal do Leandro disse que não podia fazer nada e que se eu quisesse ir ao show, eu realmente deveria buscar no Starbucks no bairro Hipódromo e que as pessoas que entregariam o ingresso, entregariam outros para outras pessoas. "Senhora, não podemos fazer nada, senhora...". Nossa, que ódio!

Que ódiooooo!

Eu não tinha mesmo o que fazer. O jeito era aceitar. Mudei meu roteiro e me planejei para perder horas da minha viagem para ir até lá.

A entrega do ingresso


No dia do evento, quarta, 28 de fevereiro, saí do hotel às 17h30, para estar no Starbucks às 18h30 em ponto, pegar meu ingresso e sair correndo para o Auditorio Nacional.

O Starbucks estava lotado. E eu percebi várias pessoas com o comprovante de compra na mão, esperando alguém chegar.

Assim que entrei, fui direto à segurança e perguntei se havia alguém entregando ingressos. Ela disse que "elas" estavam para chegar e que normalmente ficavam em uma mesinha ali do lado. Deu pra perceber que a prática é sempre a mesma, né?

Elas chegaram – eram duas mulheres – com uma pasta cheia de envelopes e foram chamando as pessoas. "Viagogo, lá em cima, por favor". Uma galera subiu. Tudo gente indignada como eu. Elas pediram que formássemos uma fila e se sentaram nas poltronas, super apressadas. Elas foram pedindo documento e comprovante de compra e iam fotografando nossos documentos antes de entregar os envelopes. Elas tinham muitos ingressos.


Conversei com algumas pessoas e todas estavam irritadíssimas com o que tinha acontecido. Até porque já estávamos atrasados para o show.

Saí de lá correndo e, de carro, demorei exatamente duas horas para chegar ao Auditorio Nacional. Ou seja, por pouco não me atraso para o show.

No fim, essa galera nada mais é do que um bando de cambistas "legalizados". Nunca mais eu comprarei nada nesse Viagogo. A intenção do site pode até ser legal, de vender ingressos de quem, por algum motivo, não pode ir ao evento, mas de mim eles nunca mais receberão um centavo!

E todo mundo sabe que cambista adquire montes ingressos para vendê-los superfaturados, enquanto nós, espectadores, não conseguimos comprar os nossos ingressos porque já estão esgotados. É muita covardia.

Mas só há uma maneira de acabar com a máfia dos cambistas: não cooperando com ela. 

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Sobre Luciana Sabbag

Jornalista, 36 anos, canceriana, chorona. Se emociona com tudo. Vive sem muito planejamento, mas com muitos planos.

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